quarta-feira, 28 de julho de 2010

Bailando na Noite - 4. O hospital

Caso não tenha lido os capítulos anteriores aí vão os links:

1.A vida é dura

2. Ex-família

3. Evasiva

4. O hospital

Horas se passaram durante os trinta minutos prometidos e Marcos já não agüentava mais esperar. Seus olhos estavam vermelhos, cor de sangue, e suas mãos pressionavam tanto contra a própria pele que já havia se tornado um ferimento. Cada médico que passava se tornava uma angústia a mais. E o pior era quando pensava que ele tinha sido o culpado, que ele provocara a briga. O sentimento de culpa era completo e intenso. Machucava-lhe profundamente.

Finalmente apareceu um médico com rosto semelhante, rosto que ele havia visto a trinta minutos atrás. O desespero tomou conta de novo. Marcos se levantou e estendeu a mão para o Dr. Fábio - estava escrito no crachá – enquanto ele falava:

– O senhor pode ficar no quarto agora. Apenas peço que seja delicado com a sua esposa. – Logo ele que fora sempre delicado e sutil. Ter que ouvir isso após um erro seu, faz com que a dor volte lenta e forte. - O ombro e braço esquerdo estão completamente engessados. Pelo visto, infelizmente, ela não mais poderá movimentar o braço esquerdo. – MEU DEUS, o que eu fiz?! Massacrou a sua consciência com isso. – A enfermeira vai te acompanhar até o quarto dela. Qualquer problema aperte o botão vermelho ao lado da mesa. Já fizemos tudo que tinha que ser feito por enquanto, só podemos esperar.

Outro aperto de mão e passos longos e frios em direção à enfermeira. Provavelmente ela o cumprimentou, mas ele estava tão triste, tão culpado que só poderia pensar em ver o seu anjo.

– Todos os procedimentos médicos já foram tomados. Gostaríamos de pedir o maior cuidado possível... – Dizia a enfermeira enquanto Marcos não ouvia/entendia nada. –... Do senhor. O quarto 342 fica no final desse corredor e se houver qualquer problema o botão vermelho deve ser acionado. – Enquanto ela continuava falando, Marcos começou a correr e correr muito. Olhava para todos os números que encontrava enquanto a enfermeira tentava lhe acompanhar com uma corrida dez vezes mais lenta. De repente parou, voltou três passos e lá estava. Quarto 342.

A primeira expressão, espanto. Logo em seguida o medo e decepção. Para finalizar, a culpa persistia. Tudo isso se passou em cinco segundos de pura aflição. Mas logo depois a vontade de se aproximar apareceu. As lágrimas desciam rápidas, enquanto sentava no banquinho próximo à mesa. Beijava incansavelmente a sua mão direita enquanto pedia desculpas. Paula ainda estava desacordada, os medicamentos fizeram sua parte.

A enfermeira, finalmente chegara no quarto 342, nem sequer abriu a porta. Ficou emocionada com o status de Marcos. Era evidente que ele estava arrasado. Observou durante alguns minutos pelo vidro da porta enquanto pensava como seria bom ter uma pessoa que se desesperasse por você. Enxugou as lágrimas e deu de costas. Tinha alguns trabalhos a fazer.

O tempo passava e Marcos só conseguia se sentir culpado. Já havia pedido inúmeras vezes desculpas mesmo sabendo que é completamente inútil sem que a sua bailarina o escute. Volta e meia algum enfermeiro dava uma olhada pela janela e todas as vezes eles se emocionavam. O desespero estava explícito em cada gesto de Marcos, desde o olhar até as pernas tremendo. Mas, ainda assim, ele era romântico e extremamente cuidadoso.

Depois de ter passado mais de cinco horas ao lado da dançarina o anjo ainda não havia dormido, um enfermeiro chegou a entrar no quarto para lhe oferecer um calmante ou até mesmo um remédio para dormir. Mas Marcos recusou delicadamente, afirmando que já tinha errado uma vez, e que não vai errar de novo. O enfermeiro sem ter o que dizer se retirou.

O quarto era sofisticado, com televisão a cabo. Os equipamentos todos impecáveis e tão brancos que a luz refletia basicamente por completo. A cama subia, descia e era exageradamente confortável. Tudo muito agradável, mesmo sendo um hospital, e Marcos não reparou nada de tudo isso. Pouco importava o resto do mundo agora, sua vida estava única e exclusivamente direcionada para Paula. Cada lágrima que saía arrastava consigo uma fração da culpa, mas ainda assim, ela só aumentava.

Ainda cabisbaixo, beijando as mãos e o braço da bailarina os efeitos dos remédios começam a se esvair. Seus olhos lentamente começam a se abrir, e ainda com os olhos semicerrados ela reconhece seu protetor:

– O que aconteceu, amor?! – Disse com muita dificuldade enquanto Marcos se emocionara com o fato de ter despertado.

Meu amor... – As lágrimas estavam com uma velocidade indescritível. E mesmo ele sabendo antes que ela iria acordar a alegria só começara a chegar agora. – Não se esforce. Os médicos pediram que você repousasse por completo. – Agora a culpa já voltava a pesar. E as desculpas antes proferidas, vão se repetir. – Eu só quero que você me desculpe, talvez se eu não tivesse revidado. Se eu fosse um pouco mais paciente. Se eu conseguisse me conter. Nada disso teria acontecido. Foi minha culpa, eu sei que foi. Pode me culpar...

Sua fala fora interrompida pelo dedo da bailarina no meio dos seus lábios. Enquanto Marcos falava a sua memória estava agindo, processando. Ela só se lembrara que estava imóvel enquanto o seu anjo e seu... Pai – como era difícil pensar nessa palavra, pensou consigo mesma – brigavam. Depois disso a última lembrança era essa de agora.

– Eu.. – Pausou e pediu com o dedo indicador que Marcos encostasse-se ao seu rosto. – Te... – Beijou-o levemente na bochecha enquanto as lágrimas de ambos, agora, se chocavam. – Amo. – Essa última ela sussurrou em seu ouvido enquanto o anjo se arrepiava por completo. Depois disso os dois se olharam por alguns minutos. Os olhos se encaixavam. De um lado a culpa completa, total. Do outro a vontade de que essa culpa não existisse. Os dois eram tão perfeitos para o outro que espantava.

– Eu te amo. Mais do que podemos compreender. – E mais beijos na mão e no braço. Só que agora a bailarina ria das cócegas que provocava a barba do seu protetor. Ainda assim Marcos não se esquecera de nada, nem da culpa e nem da conseqüência do golpe. Mas achava melhor não falar nada agora. O médico não deu certeza quanto à isso, melhor esperar uma resposta concreta. Enquanto isso resolveu que só lembraria-se da alegria que ela lhe causa, a paz de espírito que lhe dá.

Um dos enfermeiros que passavam pelo corredor percebeu que Paula tinha acordado e adentrou-se no quarto. Entrou tão silenciosamente que só a bailarina tinha percebido a sua entrada devido à cama ser virada para porta. Enquanto isso Marcos continuava a beijando e o empregado do hospital não queria acabar com o momento. A dançarina sorriu e então falou:

– Amor, acho que ele precisa falar comigo. – apontou para o enfermeiro e todos os três riram. Marcos se desculpou com o rapaz e pediu que falasse o que era necessário agora.

– Precisamos dar um banho na paciente, fazer uns testes de rotina, checar o gesso e aí então podemos liberá-la ou mantê-la por mais algum tempo no hospital. – Enquanto isso os outros dois confirmavam com a cabeça tudo que o rapaz havia dito. – É tudo muito tranqüilo, mas pedimos ao senhor que espere lá fora. Procedimentos padrões. Vou deixar se despedirem, afinal vai ser muito tempo longe um do outro... – Todos riram novamente e após a confirmação de Marcos e da bailarina ele se retirou, muito educadamente por sinal.

– Amor, tudo vai ser muito rápido e tranqüilo. Em breve estaremos juntos. – Disse o anjo. Tudo era muito intenso entre os dois, desde a troca de olhares até o toque. – Eu te amo. Não se preocupe. – Mais dezenas de beijo ocorreram. Ele era, realmente, muito cuidadoso com sua dançarina.

– Eu vou ficar bem. Reze por mim... – O silêncio tomou conta da sala. Logo os médicos e enfermeiros chegariam, o casal estava apenas se namorando, como sempre fazem. O mais intrigante para os “assistentes” do hospital e o que todos eles comentavam é que não existiu beijo entre os dois, mas que ainda assim era o casal mais apaixonado que já tinham visto. – Eu te amo. – Agora um último beijo na testa foi dado por Marcos enquanto as mãos direita de ambos se entrelaçavam. Olhos fixos, uns nos outros.

A equipe médica então chegou. Todos cumprimentaram o anjo enquanto ele não tirava o olho da bailarina. Era muito forte, perceptível a todos. O amor, literalmente, estava no ar. Houve uma última troca de “Eu te amo” sussurrado entre o casal e então Marcos deixou a sala.

Os médicos eram muito cuidadosos e atenciosos com Paula. Os procedimentos padrões demorariam pouco mais de duas horas, foi o que informaram a ela. A bailarina então chamou uma enfermeira simpática, que estava na sala, e pediu educadamente que desse um recado ao anjo:

– Por favor, você pode avisar ao rapaz que estava comigo que eu imploro que ele durma? Ele ficou durante todo o tempo aqui comigo e não acredito que tenha descansado. Ele deve estar exausto, diga que eu pedi. Poderia fazer isso por mim? – Enquanto falava sobre o anjo os olhos brilhavam e a enfermeira percebia isso, qualquer pessoa saberia, na verdade.

– Posso sim. E, cá pra nós. Eu acho lindo vocês dois. É tudo tão romântico e sutil. – A bailarina consentiu com a cabeça e um obrigado meio que sussurrado saiu de sua boca. - Irei à recepção assim que possível.

Os procedimentos iriam começar. Dois enfermeiros suportavam a dançarina com os ombros enquanto guiavam-na à sala. A ajudante de Paula logo se virou para a recepção com um passo apressado. Tinha que voltar logo, ela era fundamental na hora dos exames.

Mas o passo apressado nem foi necessário, Marcos estava logo ali. Ela o reconheceu depois de forçar um pouco a vista. Seus passos eram lentos e próprios de quem estava arrasado. Logo depois de tê-lo acompanhado falou delicadamente:

– A moça que estava no quarto me pediu... – Ele parou, olhou para ela e a tristeza ficou evidente a ponto da enfermeira se assustar. –... Que o senhor melhorasse. Disse que está tudo bem e que você precisa dormir. Por favor, ouça à sua esposa. – Ela ainda continuava assustada, mas não a ponto de tornar perceptível. Já estava meio que acostumada, infelizmente, a dar notícias tristes. Ainda assim, essa era uma das tristezas mais profundas que havia visto, aparentemente.

– Obrigado. Diga a ela que eu já estou melhor que antes e que vou tentar dormir, por favor. – Ela apenas consentiu e se virou pensando: “Se agora ele está, realmente, melhor que antes... Não tenho capacidade de imaginar como estava.”

Enquanto isso, Marcos se dirigia lentamente para a recepção. Tomou um copo de água quando passou pelo bebedouro e sentou-se na mesma cadeira de antes. A culpa voltou e a dor também. Era realmente indescritível o que ele estava passando. Sentia-se vazio e completamente responsável por isso. De repente, antes que pudesse fechar os olhos para atender ao pedido de Paula, seu telefone toca. Lúcio CHEFE. O visor indicava quem era, mas porque ele ligaria uma hora dessas da noite?!

– Diga Lúcio. – A voz completamente abatida também se evidenciava. – Lembro sim, o que houve?! Algum problema? – Realmente não era o que o anjo queria agora. –... – As palavras sumiram por completo. A sua expressão de angústia se intensificou. Enquanto isso o telefone continuava falando sozinho, até cair no chão...

sábado, 24 de julho de 2010

Noche


La oscuridad de la noche tiende a persistir.
Tiende a quedarse.
Recuerdo nuestros abrazos,
De nuestros besos.
Me entrego en tus brazos,
Darse cuenta de todos sus deseos.
Cada noche nos son así
Tú, yo y la intensidad,
En una mezcla de sentimientos con el fin
Para aclarar nuestra voluntad.
Aumenta el deseo,
Se reduce, la velocidad de reloj.
Pero mira tú,
En mis sueños
Para reforzar lo que ya sé,
Vive con usted es mejor que soñar.
Mientras tanto la noche se incrementa,
Y con su oscuridad,
Se van los deseos de mi e de tu corazón.

domingo, 18 de julho de 2010

Over

O que me mata,
É saber que você não se importa.
E o que mais me atinge,
É que meus tiros não te alcançam.

O céu não mais meu limite é.
A força do amor que tínhamos se acabou,
E a esperança que restou,
Se foi junto com a fé.

Correr em direções opostas,
Repetir os gestos mais errados,
Omitir quaisquer que sejam as respostas.
Permanecer juntos e calados.

Tudo que se tinha,
Não se tem mais.
Não é hora de perder a linha,
E já é muito tarde para reestabelecer a paz.

Tudo que se passou morreu,
E sempre vais achar que foi engano meu.
Ainda assim, tudo que temos agora,
É muito mais do que tínhamos outrora.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Hipótese


Em toda e qualquer hipótese,
Independente da distância e forma,
Do beijo e do abraço,

Amar intensamente é a melhor forma de viver.

Mesmo que para viver assim se tenha que sofrer.
Ouso até em substuir o sofrer por morrer.

Ps: De férias!

domingo, 11 de julho de 2010

Estranho


O que acontece apenas acontece,
Quanto tu não estás.

O beijo não é mais que um toque de lábios,
Quando não são os nossos.

O toque é só um contato,
Quando estou longe de ti.

A vida não é vida,
Quando não vivemos juntos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Partida


Partir é sempre triste,
A maior tristeza que existe.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Saudades da namorada



E tudo me leva àquele último beijo. Tudo me faz crer que eu deveria te ter comigo agora, sempre. Escuto uma música romântica de fim de tarde que me faz lembrar nossas conversas. Enxergo o teu rosto no rosto das outras. Consigo tocar em você quando fecho os olhos, mas cada vez mais eu sei que a saudade aumenta. Sei que sufoca minha respiração a cada segundo, e que um segundo é muito tempo pra que se passe um filme de tudo que já se passou entre nós. Esse filme se repete muitas vezes, e o replay é só o que vem na cabeça. Tô com saudade de você. Tô com saudade do seu beijo. Não é bom estar sem você. Quando seu mundo der uma pausa, vem logo pro nosso.

sábado, 3 de julho de 2010

Amigo Imaginário



Conversar com quem não se vê,
É enxergar a própria consciência.


Ps¹: Com exceção de qualquer intervenção divina, e sim eu sou ateu.
Ps²: Obrigado Maíra, pela correção.